"Não acredito que ele morreu. Ainda não consigo acreditar nisso." Foi dessa forma que o músico Jason Wilde de Jesus Queiroz, 25 anos, definiu a sensação após ouvir a notícia da morte de Michael Jackson.
Jason é o garoto que aparece dançando com o astro pop no clipe da música "They don´t care about us", gravado no Pelourinho, em Salvador, na Bahia, em 1996.
"Estava tocando no Olodum quando ele passou por mim e encostou a mão no meu ombro. Não entendi nada e ele começou a dançar na minha frente. Eu comecei a dançar com ele também", disse Jason. No clipe, Jason aparece sem camisa, com uma bermuda azul e um tamborim na mão.
Desde aquele dia, o então menino de 12 anos passou a ser chamado nas ruas do Pelourinho como "o menino que dançou com Michael Jackson". "Até hoje é assim. É como se fosse um cartão de visita. Quando me reconhecem, todo mundo fica comentando."
Jason disse que sua vida mudou depois do encontro com o pop star. "Ele foi uma referência musical para mim. Desde aquele dia eu fiquei cada vez mais perto da música. Hoje toco vibrafone e faço escola de música aqui no Pelourinho. Me dedico a isso."
Ele falou que o contato com Michael Jackson foi apenas durante os segundos em que dançou com ele e até o fim da gravação do clipe. "A gente começou a fazer as primeiras tomadas às 6h da manhã, mas o Michael só apareceu mesmo de tarde. Eu era muito pequeno e aquilo ficou marcado na minha vida", afirmou Jason.
Jason Wilde de Jesus Queirós não precisou adotar nome artístico, pois o de batismo sempre soou internacional. Mas a estrela dele só começou a brilhar mesmo aos 12 anos, precisamente depois que Michael Jackson quebrou o protocolo e o convidou para dançar no meio dos 250 percussionistas que balançavam o Largo do Pelourinho.
“Despertou em mim a vontade de virar músico profissional”, diz o rapaz, que hoje está com 25 anos e é professor de percussão. Na época, ele integrava a escola mirim do Olodum e não fazia uma ideia muito clara do que significava a presença do ilustre visitante na comunidade onde morava.
“Minha mãe só me avisou: ‘O rapaz é uma estrela. Se comporte, viu?’”, diverte-se, lembrando que recebeu a recomendação de não conversar com o artista. A distância entre os idiomas já dificultaria a comunicação, mas o rapaz sabe exatamente o que diria, se pudesse ser compreendido pelo astro: “Você é brilhante!”
Olodum
O presidente do Olodum, João Jorge Rodrigues, lamentou a morte do cantor Michael Jackson. Ele acompanhou o músico durante a gravação de um clipe em Salvador, em 1996. "Ele foi um grande representante afro-americano muito importante. Ele fez um trabalho incrível e se tornou uma lenda", disse Rodrigues.
O representante do Olodum estava em um evento de cultura negra em Brasília quando soube da morte do cantor. "A passagem dele por Salvador, especialmente no Pelourinho, foi de uma relevância enorme para o Olodum. Colocamos cerca de 215 percussionistas para tocar com ele. Antes, o grupo já tinha tocado com o Paul Simon e daí falamos com o Spike Lee para gravar com ele também."
Segundo Rodrigues, o trabalho com Michael Jackson levou o nome do Olodum para mais de 180 nações pelo mundo. "O Olodum foi ouvido por mais de 5 bilhões de pessoas no mundo todo por causa do trabalho que ele fez com a gente. Foi uma visibilidade gigante."
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