Michael, o magnético
Com o show Victory, Michael Jackson celebra seu
triunfo
Cercado
por cinco descomunais monstros intergalácticos, o cavaleiro de roupas prateadas
enfrenta uma batalha de vida ou morte. Subitamente ele cai ao châo, mas quando
está prestes a ser devorado, reage com uma espada de raios laser. Em minutos os
monstros dominados e o cavaleiro, do alto de uma montanha, ergue os braços e
emite seu brado de vitória: "Bem-vindos à terra do império". Para as 45 000
pessoas que assistiram a essa cena no imenso palco de oito andares montado no
estádio Arrowhead de Kansas City, um das principais cidades da região mais
central dos Estados Unidos, no último dia 6, nem os monstros nem os efeitos de
raios laser causaram tanta emoção quanto um pequeno detalhe da cena: a luva
branca que o cavaleiro usava em uma das mãos. Pois quem estava ali, em carne e
osso, era Michael Jackson – e, quando a pequena luva cintilou sob as centenas de
refletores, a multidão, eletrizada, abandonou-se ao delírio.
Naquele instante, usando um dos acessórios indispensáveis de seu vestuário, ele iniciava de maneira triunfal a primeira apresentação de Victory, o show musical mais caro, espetacular e controvertido dos últimos anos, reunindo Michael e seus cinco irmãos do conjunto The Jacksons. A cena se repetiria nos dois dias seguintes no mesmo estádio Arrowhead, primeira escala de uma turnê que nas próximas semanas levará Victory a cerca de quinze outras cidades americanas e que desde já se desenha como um grande triunfo - de público, de cobertura da imprensa e possivelmente também de dinheiro, com uma receita bruta estimada em 50 milhões de dólares. Afinal, trata-se da primeira vez em que Michael Jackson sobe a um palco desde que, há dois anos, se tornou o maior fenômeno da música popular conheceu desde os Beatles. Com 45 milhões de dólares depositados em sua conta bancária somente em 1983, é o músico mais bem pago do mundo. E, com uma larga influência sobre toda uma nova geração musical americana, tornou-se um símbolo da cultura dos anos 80. Aos 25 anos de idade, ele poderia dar sua vida e obra por completas.
Victory é a grande oportunidade que 2,2 milhões de americanos – até o fim da turnê – terão para ver toda essa mágica ao vivo. “Este vai ser o acontecimento dos próximos dez anos”, diz o diretor de uma rádio de Seatle. “Você pode não ligar para quem está se apresentando. Mas quer ver”. De fato, não basta ouvir – o mais explosivo fenômeno musical dos nossos dias precisa ser visto. Em primeiro lugar porque, mais que um cantor ou compositor, Michael Jackson é um inigualável mestre de palco: nada se compara à furiosa precisão de sua dança, inovadora e empolgante, nem à sua estonteante capacidade de juntar som e movimento. “Quando entro em cena, é como um passe de mágica, perco o controle de mim mesmo”, ele diz. Em segundo lugar, porque este excepcional intérprete se tornou também, nos últimos anos, um mistério aos olhos do público – sua vida é secreta, envolta em mística e marcada por fantasias que às vezes o fazem parecer Peter Pan, o menino que queria crescer. Ou, então, um cruzamento de Howard Hughes, o célebre milionário americano que jamais era visto, com E.T.
Acontecimento histórico – Nada mais natural assim, que a turnê de Michael Jackson e seus irmãos aterrisassem em território americano com o alarde de um disco voador chegando à Terra. Em Kansas City, a primeira cidade escalada para receber a passagem de Victory, a população começou a viver o clima de jacksonmania um mês antes da estréia. Como os ingressos para os shows só podiam ser comprados por meio de cupons publicados nos jornais a partir do dia 19 de junho, multidões de jovens amanheceram diante das bancas naquele dia para garantir seus exemplares. Houve também um número recorde de jornais de assinantes roubados à porta das casas naquela madrugada. Hordas de adolescentes desfilavam pela cidade vestidos e penteados como Michael Jackson, ou ensaiavam passos de break, a dança negra que brotou nas ruas americanas e nas quais Michael se inspira para montar suas coreografias. “Foi o maior espetáculo que já vi na vida”, comentava entusiasmada Edith Marino, uma fã de 22 anos, à saída do show.
Em termos de mobilização popular, Victory pode ser comparado apenas a um show que não aconteceu: o que reuniria novamente os Beatles -sonho perseguido por vários empresários no final dos anos 70 e finalmente tomado impossível, na prática, com a morte de John Lennon em 1980. Desde que a turnê dos Jackson foi anunciada, criou-se nos Estados Unidos a expectativa por um acontecimento histórico. Um dos primeiros a reforçar essa expectativa foi o próprio presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan. Em maio último, quando Michael Jackson foi convidado à Casa Branca para receber uma homenagem por sua participação numa campanha contra o uso de drogas, Reagan pediu-lhe pessoalmente que incluísse Washington no roteiro da turnê.
Ao fazer o pedido como um fã qualquer, Reagan juntou sua voz à de milhões de americanos que, se já viviam a jacksonmania com os discos e vídeos do cantor, esperam encontrar em Victory, efetivamente, um cavaleiro de outra galáxia. Por isso mesmo, mobilizam-se para que a turnê que ainda não tem fixadas todas as datas e locais por onde passará - inclua suas cidades. Em Boston, por exemplo, um jornal local publicou uma espécie de cupom-voto que os leitores deveriam devolver à redação com seu pedido para que os Jackson fossem à cidade. O jornal recebeu de volta 30 000 cupons. Enquanto isso, uma estação de rádio local organizava uma passeata reivindicando a inclusão de Boston no roteiro de Victory, e reunia 5 000 fãs com faixas e cartazes.
Naquele instante, usando um dos acessórios indispensáveis de seu vestuário, ele iniciava de maneira triunfal a primeira apresentação de Victory, o show musical mais caro, espetacular e controvertido dos últimos anos, reunindo Michael e seus cinco irmãos do conjunto The Jacksons. A cena se repetiria nos dois dias seguintes no mesmo estádio Arrowhead, primeira escala de uma turnê que nas próximas semanas levará Victory a cerca de quinze outras cidades americanas e que desde já se desenha como um grande triunfo - de público, de cobertura da imprensa e possivelmente também de dinheiro, com uma receita bruta estimada em 50 milhões de dólares. Afinal, trata-se da primeira vez em que Michael Jackson sobe a um palco desde que, há dois anos, se tornou o maior fenômeno da música popular conheceu desde os Beatles. Com 45 milhões de dólares depositados em sua conta bancária somente em 1983, é o músico mais bem pago do mundo. E, com uma larga influência sobre toda uma nova geração musical americana, tornou-se um símbolo da cultura dos anos 80. Aos 25 anos de idade, ele poderia dar sua vida e obra por completas.
Victory é a grande oportunidade que 2,2 milhões de americanos – até o fim da turnê – terão para ver toda essa mágica ao vivo. “Este vai ser o acontecimento dos próximos dez anos”, diz o diretor de uma rádio de Seatle. “Você pode não ligar para quem está se apresentando. Mas quer ver”. De fato, não basta ouvir – o mais explosivo fenômeno musical dos nossos dias precisa ser visto. Em primeiro lugar porque, mais que um cantor ou compositor, Michael Jackson é um inigualável mestre de palco: nada se compara à furiosa precisão de sua dança, inovadora e empolgante, nem à sua estonteante capacidade de juntar som e movimento. “Quando entro em cena, é como um passe de mágica, perco o controle de mim mesmo”, ele diz. Em segundo lugar, porque este excepcional intérprete se tornou também, nos últimos anos, um mistério aos olhos do público – sua vida é secreta, envolta em mística e marcada por fantasias que às vezes o fazem parecer Peter Pan, o menino que queria crescer. Ou, então, um cruzamento de Howard Hughes, o célebre milionário americano que jamais era visto, com E.T.
Acontecimento histórico – Nada mais natural assim, que a turnê de Michael Jackson e seus irmãos aterrisassem em território americano com o alarde de um disco voador chegando à Terra. Em Kansas City, a primeira cidade escalada para receber a passagem de Victory, a população começou a viver o clima de jacksonmania um mês antes da estréia. Como os ingressos para os shows só podiam ser comprados por meio de cupons publicados nos jornais a partir do dia 19 de junho, multidões de jovens amanheceram diante das bancas naquele dia para garantir seus exemplares. Houve também um número recorde de jornais de assinantes roubados à porta das casas naquela madrugada. Hordas de adolescentes desfilavam pela cidade vestidos e penteados como Michael Jackson, ou ensaiavam passos de break, a dança negra que brotou nas ruas americanas e nas quais Michael se inspira para montar suas coreografias. “Foi o maior espetáculo que já vi na vida”, comentava entusiasmada Edith Marino, uma fã de 22 anos, à saída do show.
Em termos de mobilização popular, Victory pode ser comparado apenas a um show que não aconteceu: o que reuniria novamente os Beatles -sonho perseguido por vários empresários no final dos anos 70 e finalmente tomado impossível, na prática, com a morte de John Lennon em 1980. Desde que a turnê dos Jackson foi anunciada, criou-se nos Estados Unidos a expectativa por um acontecimento histórico. Um dos primeiros a reforçar essa expectativa foi o próprio presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan. Em maio último, quando Michael Jackson foi convidado à Casa Branca para receber uma homenagem por sua participação numa campanha contra o uso de drogas, Reagan pediu-lhe pessoalmente que incluísse Washington no roteiro da turnê.
Ao fazer o pedido como um fã qualquer, Reagan juntou sua voz à de milhões de americanos que, se já viviam a jacksonmania com os discos e vídeos do cantor, esperam encontrar em Victory, efetivamente, um cavaleiro de outra galáxia. Por isso mesmo, mobilizam-se para que a turnê que ainda não tem fixadas todas as datas e locais por onde passará - inclua suas cidades. Em Boston, por exemplo, um jornal local publicou uma espécie de cupom-voto que os leitores deveriam devolver à redação com seu pedido para que os Jackson fossem à cidade. O jornal recebeu de volta 30 000 cupons. Enquanto isso, uma estação de rádio local organizava uma passeata reivindicando a inclusão de Boston no roteiro de Victory, e reunia 5 000 fãs com faixas e cartazes.
Já em Gary, a cinzenta cidade industrial do Estado de Indiana onde
nasceram os Jackson, cerca de 30 000 pessoas participaram de um abaixo-assinado
para que Michael fosse à cidade - se não para cantar, pelo menos para receber
uma homenagem. O furacão detonado pelos Jackson acabou por atrair a atenção
também de outros políticos, além de Ronald Reagan, envolvidos na presente
corrida eleitoral ame-ricana. Na estréia da turnê, um dos mais entusiasmados
espectadores das primeiras filas do estádio de Kansas City era Jesse Jackson
(nenhum parentesco), o candidato negro à Presidência da
República.
SEM GARANTIAS - Ao lado da excitação, Victory trouxe também uma maré montante de desapontamento, queixas e rancor, envolvendo a turnê, até sua véspera, na mais formidável controvérsia que jamais cercou um show deste tipo. A palavra-chave, nesse tumulto, era cobiça - e no centro de tudo estava o mirabolante processo engendrado pelos promotores de Victory para tirar o máximo de proveito financeiro da oportunidade. Segundo este esquema, os ingressos eram vendidos sempre em lotes de quatro, ao preço de 30 dólares (ou cerca de 55 000 cruzeiros) cada um. Ninguém poderia comprar mais ou menos do que quatro ingressos, e duas pessoas residentes no mesmo endereço não poderiam comprar mais que um lote de ingressos. Pior que tudo, o interessado, depois de adquirir seu lote e enviar à produção, por meio de vale postal, os 120 dólares correspondentes aos quatro ingressos, não recebia nenhuma garantia de que as entradas lhe seriam realmente entregues.
De fato, como os promotores calculavam que a procura de ingressos seria maior que o número de lugares disponíveis nos estádios, o interessado deveria esperar que um sorteio, feito por computador, decidisse se ele seria um dos felizardos a obter os ingressos. Em caso contrário, ele receberia o dinheiro de volta, de quatro a seis semanas depois - e os promotores, enquanto isso, teriam um lucro extra investindo o dinheiro alheio por um mês ou mais. Naturalmente, ninguém gostou. Os protestos foram aumentando como bola de neve, a imagem de Michael começou a sofrer e uma briga surda se estabeleceu entre ele e os organizadores. Até que, um dia antes do início da turnê, Michael Jackson fez valer sua força. Tomou a iniciativa de reunir a imprensa, em Kansas City, e decretou que o processo de venda de ingressos, a partir daquele momento, seria modificado: cada pessoa poderia comprar quantos ingressos quisesse, o preço passava a de 20 dólares e ninguém empataria dinheiro sem garantias de receber ingressos. Para Michael, a gota d'água foi a carta de uma garota de 11 anos, Ladonnia Jones, publicada num jornal do Texas. Em tom lamentoso, ela perguntava a Michael: “Como você pode ser tão egoísta?". Para afastar de si as suspeitas de cobiça, Michael anunciou que todo o dinheiro que receberá com turnê será doado a instituições de caridade. “ Michael fez isso porque é um bom sujeito”, disse seu gerente Frank Dileo. Na verdade, ele não precisa de dinheiro: sua fortuna pessoal é estimada em 75 milhões de dólares. 0 que ele quis, com essa reviravolta, foi marcar a distância que hoje o separa do pai, Joseph Jackson, seu empresário-mor, idealizador da turnê e defensor da idéia de que Michael tem de render o máximo para a família.
ARREBATADOR - Para o público presente ao concerto de estréia em Kansas City, porém, a controvérsia em torno de Victory evaporou-se juntamente com a fumaça que envolvia o palco na cena do cavaleiro e dos monstros. Isso porque Victory é um espetáculo arrebatador, que oferece tudo o que o público pode esperar de um concerto de música negra, de um show de Michael Jackson ou de um espetáculo de dimensões gigantescas. Durante 2 horas os irmãos Jackson, alternando-se entre os vocais e os instrumentos, desfilaram antigos sucessos da época em que formavam o grupo infantil The Jackson Five, corno I Want You Back, ou os grandes sucessos só de Michael, como Billie Jean e Thriller. Durante o show, fachos de laser, bombas de fumaça e fogos de artifício cruzavam o palco e o estádio.
E há, naturalmente, o que interessa -a presença de Michael Jackson. Ao longo do show, ele pode ser visto em atitude constrita, interpretando a romântica balada I'll Be There sem acompanhamento instrumental. No minuto seguinte, explode o dançarino voador que, ao som de Beat It, trota pelo palco com a energia de um corpo de baile inteiro, arrancando delirantes aplausos da platéia a cada movimento de suas pernas, braços ou quadris movidos a misteriosa eletricidade. Curiosamente, só uma passa-gem da carreira dos Jackson permanece au-sente do espetáculo: as canções do novo LP do grupo, Victory, lançado nos Estados Unidos- na semana da estréia do show e que es-tará nas lojas brasilei-ras no final da semana. O LP é uma espécie de festa promovida por Michael Jackson para seus irmãos, em que o anfitrião pouco circula entre os convida-dos. Das oito canções do LP, apenas uma Be Not Always é escrita e interpretada por Michael Jackson. As demais são compostas e interpretadas por Marlon, Tito, Jackie, Jermaine e Randy. O disco segue fielmente o estilo musical de Michael e é uma agradável coleção de canções, en-tre o pop e o funk, mas sem maior originali-dade. Há uma exceção: a faixa State of Shock, na qual Michael divide os vocais com Mick Jagger, líder dos Rolling Sto-nes, num raro caso de simbiose perfeita entre dois estilos muito diferentes. Nem mes-mo State of Shock, porém, foi incluída no repertório do show Victory, um espetáculo claramente concebido para Michael ajudar a família e celebrar os vinte anos de música dos irmãos Jackson - todos eles pisan-do o palco desde a primeira infância.
SEM GARANTIAS - Ao lado da excitação, Victory trouxe também uma maré montante de desapontamento, queixas e rancor, envolvendo a turnê, até sua véspera, na mais formidável controvérsia que jamais cercou um show deste tipo. A palavra-chave, nesse tumulto, era cobiça - e no centro de tudo estava o mirabolante processo engendrado pelos promotores de Victory para tirar o máximo de proveito financeiro da oportunidade. Segundo este esquema, os ingressos eram vendidos sempre em lotes de quatro, ao preço de 30 dólares (ou cerca de 55 000 cruzeiros) cada um. Ninguém poderia comprar mais ou menos do que quatro ingressos, e duas pessoas residentes no mesmo endereço não poderiam comprar mais que um lote de ingressos. Pior que tudo, o interessado, depois de adquirir seu lote e enviar à produção, por meio de vale postal, os 120 dólares correspondentes aos quatro ingressos, não recebia nenhuma garantia de que as entradas lhe seriam realmente entregues.
De fato, como os promotores calculavam que a procura de ingressos seria maior que o número de lugares disponíveis nos estádios, o interessado deveria esperar que um sorteio, feito por computador, decidisse se ele seria um dos felizardos a obter os ingressos. Em caso contrário, ele receberia o dinheiro de volta, de quatro a seis semanas depois - e os promotores, enquanto isso, teriam um lucro extra investindo o dinheiro alheio por um mês ou mais. Naturalmente, ninguém gostou. Os protestos foram aumentando como bola de neve, a imagem de Michael começou a sofrer e uma briga surda se estabeleceu entre ele e os organizadores. Até que, um dia antes do início da turnê, Michael Jackson fez valer sua força. Tomou a iniciativa de reunir a imprensa, em Kansas City, e decretou que o processo de venda de ingressos, a partir daquele momento, seria modificado: cada pessoa poderia comprar quantos ingressos quisesse, o preço passava a de 20 dólares e ninguém empataria dinheiro sem garantias de receber ingressos. Para Michael, a gota d'água foi a carta de uma garota de 11 anos, Ladonnia Jones, publicada num jornal do Texas. Em tom lamentoso, ela perguntava a Michael: “Como você pode ser tão egoísta?". Para afastar de si as suspeitas de cobiça, Michael anunciou que todo o dinheiro que receberá com turnê será doado a instituições de caridade. “ Michael fez isso porque é um bom sujeito”, disse seu gerente Frank Dileo. Na verdade, ele não precisa de dinheiro: sua fortuna pessoal é estimada em 75 milhões de dólares. 0 que ele quis, com essa reviravolta, foi marcar a distância que hoje o separa do pai, Joseph Jackson, seu empresário-mor, idealizador da turnê e defensor da idéia de que Michael tem de render o máximo para a família.
ARREBATADOR - Para o público presente ao concerto de estréia em Kansas City, porém, a controvérsia em torno de Victory evaporou-se juntamente com a fumaça que envolvia o palco na cena do cavaleiro e dos monstros. Isso porque Victory é um espetáculo arrebatador, que oferece tudo o que o público pode esperar de um concerto de música negra, de um show de Michael Jackson ou de um espetáculo de dimensões gigantescas. Durante 2 horas os irmãos Jackson, alternando-se entre os vocais e os instrumentos, desfilaram antigos sucessos da época em que formavam o grupo infantil The Jackson Five, corno I Want You Back, ou os grandes sucessos só de Michael, como Billie Jean e Thriller. Durante o show, fachos de laser, bombas de fumaça e fogos de artifício cruzavam o palco e o estádio.
E há, naturalmente, o que interessa -a presença de Michael Jackson. Ao longo do show, ele pode ser visto em atitude constrita, interpretando a romântica balada I'll Be There sem acompanhamento instrumental. No minuto seguinte, explode o dançarino voador que, ao som de Beat It, trota pelo palco com a energia de um corpo de baile inteiro, arrancando delirantes aplausos da platéia a cada movimento de suas pernas, braços ou quadris movidos a misteriosa eletricidade. Curiosamente, só uma passa-gem da carreira dos Jackson permanece au-sente do espetáculo: as canções do novo LP do grupo, Victory, lançado nos Estados Unidos- na semana da estréia do show e que es-tará nas lojas brasilei-ras no final da semana. O LP é uma espécie de festa promovida por Michael Jackson para seus irmãos, em que o anfitrião pouco circula entre os convida-dos. Das oito canções do LP, apenas uma Be Not Always é escrita e interpretada por Michael Jackson. As demais são compostas e interpretadas por Marlon, Tito, Jackie, Jermaine e Randy. O disco segue fielmente o estilo musical de Michael e é uma agradável coleção de canções, en-tre o pop e o funk, mas sem maior originali-dade. Há uma exceção: a faixa State of Shock, na qual Michael divide os vocais com Mick Jagger, líder dos Rolling Sto-nes, num raro caso de simbiose perfeita entre dois estilos muito diferentes. Nem mes-mo State of Shock, porém, foi incluída no repertório do show Victory, um espetáculo claramente concebido para Michael ajudar a família e celebrar os vinte anos de música dos irmãos Jackson - todos eles pisan-do o palco desde a primeira infância.
SEGURANÇA - Para
que a essa celebração nada faltasse, a produção de Victory montou uma
extraordinária infra-estrutura técnica. 0 palco de oito andares, montado a
partir de croquis desenhados pelo próprio Michael Jackson, tem cerca de 50
metros de comprimento por 30 de largura. A ele são acoplados milhares de
lâmpadas, sete computadores e cinco elevadores internos. Para que esse mamute
tecnológico funcionasse sem problemas, montou-se um sistema elétrico de 12 000
volts, quando o normal em shows de estádio é utilizar 5 000 volts. Em cada
estádio da turnê estarão funcionando 100 caixas de alto-falantes, pelo menos
quarenta a mais que o habitual. E para carregar esse circo de 370 toneladas
pelos Estados Unidos, mobilizaram-se 24 caminhões com trailers e uma equipe de
100 pessoas. Naturalmente, tal estrutura exigiu um dos maiores investimentos até
hoje feitos num show musical, mas o retomo promete ser compensador.
O cuidado da produção de Victory com a infra-estrutura técnica só é comparável ao dedicado à segurança pessoal dos músicos e das platéias. Em Kansas City, quem não tivesse um ingresso na mão não podia entrar sequer no estacionamento do estádio. Nos acessos à platéia, cada espectador passava obrigatoriamente por um dos 38 detectores de metais instalados, prontos a identificar qualquer arma, objeto de metal ou mesmo latas que fossem introduzidas no estádio. 0 consumo de bebidas alcoólicas foi terminantemente proibido durante o show.
A maior proteção, obviamente, ficou para o próprio Michael Jackson. Para impedir que os fãs descobrissem qual o seu hotel em Kansas City, foram alugados para levá-lo até o estádio Arrowhead não apenas um, mas quatro helicópteros, que cruzavam os céus da cidade pousando e decolando em locais diferentes a curtos intervalos. Uma vez diante do público, entretanto, ele se soltou como sempre - e como sempre ficou com toda a atenção. De fato, embora Victory seja anunciado como “um show dos irmãos Jackson", Michael é um protagonista entre coadjuvantes. Nos espetáculos de Kansas City, nas únicas três canções em que Michael deixava o palco e entrega-va o comando do espetáculo a seu irmão Jermaine, era visível a movimentação do público em busca das carrocinhas de lanches e dos corredores de circulação - como se aquela fosse a hora do intervalo.
O cuidado da produção de Victory com a infra-estrutura técnica só é comparável ao dedicado à segurança pessoal dos músicos e das platéias. Em Kansas City, quem não tivesse um ingresso na mão não podia entrar sequer no estacionamento do estádio. Nos acessos à platéia, cada espectador passava obrigatoriamente por um dos 38 detectores de metais instalados, prontos a identificar qualquer arma, objeto de metal ou mesmo latas que fossem introduzidas no estádio. 0 consumo de bebidas alcoólicas foi terminantemente proibido durante o show.
A maior proteção, obviamente, ficou para o próprio Michael Jackson. Para impedir que os fãs descobrissem qual o seu hotel em Kansas City, foram alugados para levá-lo até o estádio Arrowhead não apenas um, mas quatro helicópteros, que cruzavam os céus da cidade pousando e decolando em locais diferentes a curtos intervalos. Uma vez diante do público, entretanto, ele se soltou como sempre - e como sempre ficou com toda a atenção. De fato, embora Victory seja anunciado como “um show dos irmãos Jackson", Michael é um protagonista entre coadjuvantes. Nos espetáculos de Kansas City, nas únicas três canções em que Michael deixava o palco e entrega-va o comando do espetáculo a seu irmão Jermaine, era visível a movimentação do público em busca das carrocinhas de lanches e dos corredores de circulação - como se aquela fosse a hora do intervalo.
ERA DA TELEVISÃO - A cintilante trajetória iniciada em Kansas City
faz as pessoas se perguntarem, mais uma vez, por que Michael Jackson é um
fenômeno. Como cantor, ele é correto e alguns meneios vocais que inventou, como
uma espécie de engasgada nos tons agudos que usa com freqüência, são truques de
grande efeito. Mas o cantor Michael Jackson está longe de ser brilhante ou
original como Elvis Presley. Como compositor, Michael foi um dos precursores da
união do funk com o rock moderno, mas nenhuma de suas canções pode ser
classificada de revolucionária, como tantas feitas pelos Beatles. O que Michael
sabe fazer, como poucos músicos de hoje, é dominar uma platéia com a
disciplinada ferocidade com que dança, encontrando, para cada acorde e batida
rítmica da música, um correspondente visual em seu endiabrado balé. Michael
Jackson, além disso, é o típico artista da era da televisão. Elvis, os Beatles e
todos os outros grandes da música pop eram ouvidos, e não vistos - exceto para
aqueles que conseguiam ir a seus shows. Todo o mundo, entretanto, já viu Michael
pela televisão, juntando música e dança num conjunto hipnótico. Essa
característica explica, em parte, por que ele é o primeiro grande ídolo de um
novo veículo de comunicação: o videoclip. Nos dois últimos anos, Michael
conquistou o posto de músico mais popular do mundo através dos três videoclips
que lançou nesse período, com as canções Beat lt, Billie Jean e Thriller,
maciçamente veiculados por emissoras de TV do mundo inteiro e vendidos também em
cartuchos de videocassete. Enquanto muitos artistas mantêm-se em evidência
através de LPs anuais, Michael adotou uma nova estratégia. Lançou um bom LP e o
divulgou exatamente com o que falta às canções do disco: seu desempenho como
dançarino.
Além dessa estratégia original, Michael exibe outros indiscutíveis trunfos. Em primeiro lugar, Michael foi criado para ser um cantor-dançarino desde os 5 anos de idade, pela mão de ferro de seu pai, que sonhava - e conseguiu -ter um grupo de filhos artistas. Suas biografias costumam relatar lembranças infantis em que Michael, ouvindo a algazarra dos colegas na rua, era obrigado a ficar em casa estudando acordes musicais ou passos de dança. “Desde que me entendo por gente, minha rotina inclui 7 horas diárias de ensaios”, ele conta. Aos 11 anos de idade já era uma estrela de razoável brilho. E, na atual fase de sua carreira, desenvolveu um perfil de apelo irresistível para as legiões de fás infantis e adolescentes.
Sua capacidade para conquistar faixas de público além das crianças parece encontrar explicação numa outra esfera. Michael Jackson atinge ouvintes de todas as idades exatamente por não se dedicar a atingir nenhum. Tanto Elvis Presley quanto os Beatles exigiam de seus fãs algum tipo de identificação. Michael Jackson não prega coisa alguma e, para acompanhar suas canções ou piruetas, basta bater o pé ou tamborilar os dedos ao ritmo marcado. Por isso mesmo, em sua festa todos podem entrar.
Além dessa estratégia original, Michael exibe outros indiscutíveis trunfos. Em primeiro lugar, Michael foi criado para ser um cantor-dançarino desde os 5 anos de idade, pela mão de ferro de seu pai, que sonhava - e conseguiu -ter um grupo de filhos artistas. Suas biografias costumam relatar lembranças infantis em que Michael, ouvindo a algazarra dos colegas na rua, era obrigado a ficar em casa estudando acordes musicais ou passos de dança. “Desde que me entendo por gente, minha rotina inclui 7 horas diárias de ensaios”, ele conta. Aos 11 anos de idade já era uma estrela de razoável brilho. E, na atual fase de sua carreira, desenvolveu um perfil de apelo irresistível para as legiões de fás infantis e adolescentes.
Sua capacidade para conquistar faixas de público além das crianças parece encontrar explicação numa outra esfera. Michael Jackson atinge ouvintes de todas as idades exatamente por não se dedicar a atingir nenhum. Tanto Elvis Presley quanto os Beatles exigiam de seus fãs algum tipo de identificação. Michael Jackson não prega coisa alguma e, para acompanhar suas canções ou piruetas, basta bater o pé ou tamborilar os dedos ao ritmo marcado. Por isso mesmo, em sua festa todos podem entrar.
SÓSIAS BRASILEIROS - Trata-se de uma
festa que recebe a cada dia mais adesões. Nos Estados Unidos, a jacksonmania há
pelo menos um ano deixou de ser um fenômeno apenas musical para invadir os
hábitos e o comportamento dos jovens. Podem-se encontrar réplicas exatas de
Michael Jackson nas ruas e não há adolescente que não tenha incorporado a seu
guarda-roupa algum item do figurino do cantor: a luva solitária, o chapéu
enfeitado, as calças pretas que deixam meias brancas à mostra, os óculos
escuros, ou suas vistosas jaquetas bordadas. A jacksonmania cruzou continentes
e, nos últimos meses, aportou também no Brasil. Para constatar o fenômeno basta,
por exemplo, ligar a TV: nada menos de cinco programas de auditório,
transmitidos pelas redes nacionais, mantêm concursos para escolher o mais
perfeito sósia brasileiro de Michael Jackson, ou o grupo de dançarinos que
melhor imita seus trejeitos.
A maioria dos concorrentes que se apresentam nesses concursos não são simples calouros, mas profissionais que vivem de sua suposta semelhança com o cantor. Como os integrantes do trio carioca Revelation, que ganharam 500 000 cruzeiros ao vencer o concurso do programa Cassino do Chacrinha, da TV Globo. Formado por Marcos, Oswaldo e Esio - este último filho do mestre-sala Delegado, da escola de samba Mangueira -, todos na faixa dos 18 anos, o Revelation apresenta-se regularmente em boates do Rio de Janeiro, atua como manequim de publicidade e, em caso de apresentações fora da cidade, cobra cachê fixo de 1,8 milhão de cruzeiros.
Também nas academias de dança a jacksonmania abriu seu espaço. Hoje há pelo menos vinte academias entre Rio e São Paulo que mantêm turmas regulares de break, tipo de dança popularizado a partir de Michael Jackson. Esse estilo de dança começa a influenciar também os sambistas. “Freqüentemente flagro minhas passistas imitando os trejeitos de Michael Jackson", espanta-se o empresário Sargentelli, que há anos mantém shows de samba autêntico em suas boates mas que, nos últimos meses, aderiu à jackson mania: contratou para encenar seus shows um “Andy Jackson", imitador de Michael e encarregado de um número humorístico.
A maioria dos concorrentes que se apresentam nesses concursos não são simples calouros, mas profissionais que vivem de sua suposta semelhança com o cantor. Como os integrantes do trio carioca Revelation, que ganharam 500 000 cruzeiros ao vencer o concurso do programa Cassino do Chacrinha, da TV Globo. Formado por Marcos, Oswaldo e Esio - este último filho do mestre-sala Delegado, da escola de samba Mangueira -, todos na faixa dos 18 anos, o Revelation apresenta-se regularmente em boates do Rio de Janeiro, atua como manequim de publicidade e, em caso de apresentações fora da cidade, cobra cachê fixo de 1,8 milhão de cruzeiros.
Também nas academias de dança a jacksonmania abriu seu espaço. Hoje há pelo menos vinte academias entre Rio e São Paulo que mantêm turmas regulares de break, tipo de dança popularizado a partir de Michael Jackson. Esse estilo de dança começa a influenciar também os sambistas. “Freqüentemente flagro minhas passistas imitando os trejeitos de Michael Jackson", espanta-se o empresário Sargentelli, que há anos mantém shows de samba autêntico em suas boates mas que, nos últimos meses, aderiu à jackson mania: contratou para encenar seus shows um “Andy Jackson", imitador de Michael e encarregado de um número humorístico.
CELEBRAÇÃO - Também o mundo da moda já incorporou o estilo Michael
Jackson. O estilista carioca Luís de Freitas, por exemplo, dono das etiquetas
Mr. Wonderful e Miss Divine, lançou há meses a coleção 3 x 8, em que reproduz os
figurinos de Michael Jackson com um toque de humor. A gravata-borboleta preta
que Michael usa no videoclip de Beat It, na concepção de Freitas, transformou-se
num pequeno morcego de borracha. Já a confecção Kaos Brasilis, de São Paulo,
oferece um serviço inédito: por cerca de 500 000 cruzeiros, um cliente pode
adquirir um traje completo de Michael Jackson, com personalizados que o tornam
algo mais que uma fantasia.
Nem mesmo os cabelos de Michael Jackson, de corte peculiar e constante aparência molhada - o wet look constituem segredo para os jacksonmaníacos brasileiros. No salão Black Roots, no centro de São Paulo, o cabeleireiro Zezinho é especialista em fazer cortes iguais ao de Michael. Armado com paciência de escultor e uma poção especial à base de cremes e óleos capilares (“que deixa os cabelos crespos ondulados, não alisados”, explica), Zezinho fabrica cerca de cinco Michael Jackson por dia, a 15 000 cruzeiros cada um. Na semana passada, um dos que se submeteram à sua tesoura foi o bancário Cláudio Ambrósio, de 25 anos. “Antes eu usava o corte black”, filosofava ele à frente do espelho, após o corte. “Mas agora a realidade, é outra.” A julgar pelo sucesso de Michael Jackson e, agora, do show Victory, Ambrósio tem razão. Com sua dança, sua timidez e seu carisma, Michael determinou novos padrões para boa parte dos jovens. E, se suas canções não trazem o brilho de outros grandes ídolos do rock, pelo menos uma façanha ele conseguiu: reunir milhões de pessoas, em dezenas de países, na mais esfuziante celebração já promovida pela música popular.
Nem mesmo os cabelos de Michael Jackson, de corte peculiar e constante aparência molhada - o wet look constituem segredo para os jacksonmaníacos brasileiros. No salão Black Roots, no centro de São Paulo, o cabeleireiro Zezinho é especialista em fazer cortes iguais ao de Michael. Armado com paciência de escultor e uma poção especial à base de cremes e óleos capilares (“que deixa os cabelos crespos ondulados, não alisados”, explica), Zezinho fabrica cerca de cinco Michael Jackson por dia, a 15 000 cruzeiros cada um. Na semana passada, um dos que se submeteram à sua tesoura foi o bancário Cláudio Ambrósio, de 25 anos. “Antes eu usava o corte black”, filosofava ele à frente do espelho, após o corte. “Mas agora a realidade, é outra.” A julgar pelo sucesso de Michael Jackson e, agora, do show Victory, Ambrósio tem razão. Com sua dança, sua timidez e seu carisma, Michael determinou novos padrões para boa parte dos jovens. E, se suas canções não trazem o brilho de outros grandes ídolos do rock, pelo menos uma façanha ele conseguiu: reunir milhões de pessoas, em dezenas de países, na mais esfuziante celebração já promovida pela música popular.
JOSEPH JACKSON, O
PAI VILÃO - Nem os milhões de dólares que ganha com suas músicas, nem o posto de
músico mais popular do mundo foram até agora suficientes para que Michael
Jackson resolvesse o mais difícil impasse de sua carreira: a relação tempestuosa
que mantém com seu empresário. Para qualquer artista, seria simples trocar de
empresário. Para Michael, isso significaria demitir seu próprio pai. Aos 53
anos, Joseph Jackson, ou Joe, é ainda o patriarca que, desde 1965, quando os
Jackson ensaiaram seus primeiros passos no palco, dirige o destino profissional
dos filhos. Durante a ascensão do conjunto, no final dos anos 60, Joseph
aparecia como o pai compreensivo e encorajador de cinco meninos prodígios. Hoje,
com os cabelos arrumados mais ou menos no mesmo wet look celebrizado por
Michael, sua imagem é mais próxima à do vilão, o fiscal prepotente e possessivo
de todos os passos o astro e de seus irmãos. No último ano, à medida que Michael
transformava-se numa megaestrela, suas relações com o pai iam se tomando cada
vez mais difíceis.
Os problemas mais sérios se concentraram na própria concepção da atual turnê dos Jackson alegadamente imposta a Michael por Joseph como a última grande oportunidade de fazer os irmãos ganharem um bom dinheiro, valendo-se deste momento de pico no prestígio do superastro. Michael não gostou da idéia. Para ele, hoje em dia, cantar com os irmãos num show e num disco em que cada músico desempenha papéis da mesma importância é como se Frank Sinatra, depois de consagrado, voltasse a ocupar o posto de crooner numa orquestra de dança. Michael acabou aceitando a incumbência unicamente para resolver a situação financeira dos irmãos, dois dos quais, ao que se informa, estariam com problemas de dinheiro. Logo, porém, sobreveio novo curto-circuito, quando seu pai escolheu O encarregado da organização da turnê: o empresário Don King, cuja experiência se limitava à área do boxe e por quem Michael não oculta antipatia e desconfiança.
Os problemas mais sérios se concentraram na própria concepção da atual turnê dos Jackson alegadamente imposta a Michael por Joseph como a última grande oportunidade de fazer os irmãos ganharem um bom dinheiro, valendo-se deste momento de pico no prestígio do superastro. Michael não gostou da idéia. Para ele, hoje em dia, cantar com os irmãos num show e num disco em que cada músico desempenha papéis da mesma importância é como se Frank Sinatra, depois de consagrado, voltasse a ocupar o posto de crooner numa orquestra de dança. Michael acabou aceitando a incumbência unicamente para resolver a situação financeira dos irmãos, dois dos quais, ao que se informa, estariam com problemas de dinheiro. Logo, porém, sobreveio novo curto-circuito, quando seu pai escolheu O encarregado da organização da turnê: o empresário Don King, cuja experiência se limitava à área do boxe e por quem Michael não oculta antipatia e desconfiança.
TEMPESTADE FAMILIAR - O primeiro
passo de King deixaria Michael em pânico: o empresário escolheu, para patrocinar
a turnê, a Pepsi-Cola. Trata-se de um produto que jamais freqüentaria a mesa de
Michael Jackson, que é vegetariano e confessa horror a refrigerantes
artificiais. O tempo fechou definitivamente quando Joseph e Don King anunciaram
sua disposição de fazer da turnê dos Jackson não só a mais espetacular, mas
também a mais lucrativa de que se tem notícia, e fixaram o preço do ingresso em
30 dólares, com um mínimo de quatro ingressos para cada comprador, contra os 20
dólares, no máximo, defendidos por Michael. Segundo uma fonte ligada à equipe
dos Jackson, atualmente Michael e seu pai evitam falar um com o outro em
reuniões de trabalho.
De qualquer forma, o início triunfal significa uma vitória para Joseph Jackson, um ex-operador de guindastes na construção civil que, no início dos anos 60, economizava no orçamento doméstico para comprar instrumentos musicais para os filhos. Hoje Joseph ostenta o êxito de sua dinastia seja na suntuosa casa que a abriga, na Califórnia, seja cobrindo-se de jóias extravagantes. Tudo indica, no entanto, que para amainar a tempestade familiar Joseph terá que recuar do posto de empresário bem-sucedido para voltar a ser apenas o pai de antigamente.
De qualquer forma, o início triunfal significa uma vitória para Joseph Jackson, um ex-operador de guindastes na construção civil que, no início dos anos 60, economizava no orçamento doméstico para comprar instrumentos musicais para os filhos. Hoje Joseph ostenta o êxito de sua dinastia seja na suntuosa casa que a abriga, na Califórnia, seja cobrindo-se de jóias extravagantes. Tudo indica, no entanto, que para amainar a tempestade familiar Joseph terá que recuar do posto de empresário bem-sucedido para voltar a ser apenas o pai de antigamente.
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