quinta-feira, 29 de março de 2012

Lembranças de Larry Hovick sobre Michael Jackson



A vida constrói lembranças de momentos com a família e amigos ao longo da jornada.
E 1984 foi um ano maravilhoso para mim.
Eu trabalhei para Ozzy Osbourne durante seis meses como designer de iluminação da turnê Bark at the Moon. Quando terminou, eu fui para a turnê Victory dos Jacksons trabalhando como chefe da equipe de iluminação. Nós passamos um tempo em Los Angeles ensaiando, e depois fomos para Arrowhead para ensaiar mais e dar início à turnê nacional deles.

Eu tive pouco tempo livre para ver as atrações turísticas/vistas da cidade de Kansas. Conheci uma mulher linda. Nós mantivemos um relacionamento à distância, e em 1985 eu me mudei e nos casamos.
A turnê Victory possibilitou o nosso encontro.
Nossa filha nasceu em 1988.


Eu continuei trabalhando nesse ramo de turnês até o verão de 1993. Eu queria passar mais tempo em casa com minha esposa, meu enteado e minha filha ao invés de ficar em um beliche no ônibus da turnê.
A sorte se meteu em meu caminho novamente e eu assumi o posto de Gerente Geral em Sandstone. Fiquei por 11 verões bem quentes.


Fiz muitos amigos durante meus anos em turnês.
Era como ganhar um novo grupo de irmãos ou irmãs a cada seis meses.

No entanto, a Victory Tour foi a maior turnê familiar da qual eu já tinha participado. O número de pessoas aumentava e o pessoal era mudado constantemente, mas havia um grupo de 140 que ficaram por lá durante a turnê toda. E eu mantive contato com alguns dos meus amigos de turnê ao longo dos anos.
No dia após a morte prematura de Michael, eu recebi algumas ligações e emails. Estávamos todos tristes e surpresos. Em cada ligação ou em cada email nós compartilhamos alguma coisa do tempo que passamos com Michael. Ele era tímido quando estava fora do palco. Michael geralmente tinha uma comitiva de um ou dois seguranças, mas ele sempre dava um oi para qualquer pessoa da equipe que aparecesse em seu caminho. Nós respeitávamos ele e seus irmãos por seu talento e energia.
A Victory Tour estava na estrada há seis meses em 1984. Nós presenciamos calor, chuva e frio, enquanto atravessávamos o país tocando a cada fim de semana.

Toda noite o show começava com todos os irmãos no palco.
Michael tinha uns trinta ou mais minutos de solo, cerca de uma hora no show. Havia muitos de nós da equipe que, sempre que possível, estavam encontrando um local de onde podíamos vê-lo se apresentar.

A transformação da pessoa tímida e de fala suave para o comandante no palco acontecia assim que seu microfone ligava. A força e visão que Michael tinha eram incríveis. Ele não deixava passar nada. Era um perfeccionista. Era sempre pensando em  dar o melhor aos fãs.
Eu aprendi logo como Michael memorizava tudo. Nós tínhamos mais de 800 luzes funcionando acima da cabeça dele. Em uma de nossas primeiras noites de ensaio, 4 luzes não estavam funcionando. Ele interrompeu a música para se certificar de que sabíamos que as luzes estavam apagadas. Fiquei espantado por ele ter percebido e mais ainda surpreso com a forma como ele foi educado. Foi minha primeira conversa com ele e ele queria apenas ter a certeza de que eu sabia sobre o mau funcionamento.
Uma das minhas funções da Victory Tour era no início do show; eu tinha que apertar botões para operar o equipamento do lado do palco. Eu ficava em uma área escondida do público, mas tinha uma clara visão do equipamento de iluminação se movendo sobre o palco.
Michael ficava do meu lado muitas vezes e olhava o estádio lotado de fãs animados gritando de ansiedade. Michael sabia que eu estava ocupado, então ele segurava meu cotovelo para que eu soubesse que ele estava lá, senão eu poderia levar um susto. Todas as vezes eu desejava um ótimo show a ele e ele me agradecia, e em seguida se posicionava para entrar no palco.
Em 1992, eu estava em Atlanta trabalhando com a iluminação de um especial de tv. Michael era um convidado no programa. Eu fiquei nos bastidores por um momento antes de irmos gravar a parte dele. Um de seus seguranças me viu e veio até mim para dar um oi. Ele disse que eu deveria ir ao camarim e dar um oi para Michael. Eu disse que ficaria surpreso se Michael lembrasse de mim, mas ele me disse que Michael já tinha me visto e que ia adorar se eu tivesse tempo de ir até seu camarim. Eu entrei lá e Michael me abraçou e perguntou como eu estava. Ficamos conversando por alguns minutos, mas nós dois tínhamos que voltar ao trabalho.
Na Victory Tour, Michael e seus irmãos realizavam festas para a banda em algumas cidades após o show. Eu trabalhei pra muitas pessoas famosas ao longo dos anos e eu queria ter uma foto ou um autógrafo de cada uma, mas em uma das festas da Victory Tour, eu aproveitei a oportunidade para sentar com Michael e um amigo meu bateu nossa foto.
Michael Jackson e seus irmãos iniciaram minha vida e carreira em Kansas. Sou grato por muitas lembranças. Fico triste pela perda de um artista verdadeiramente talentoso, e alguém que eu tive o privilégio de conhecer e com quem trabalhei.

- Larry Hovick

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