O MURO DE BERLIM

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Amanhã, 09 de novembro de 2014 o mundo lembra os 25 anos da queda do muro de Berlim. E, diante dessa data histórica, uma história sobre um concerto que Michael apresentou em Berlim em 1988, um ano antes da queda do muro:

De acordo com um relatório da Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental, que recentemente veio à tona, em 18 de junho de 1988, precisamente as 2:52h pm, vários carros chegaram ao Checkpoint Charlie, no lado ocidental do Muro de Berlim. Dentre os passageiros, estava Jackson. 

O Rei do Pop estava acompanhado por duas equipes de TV da Alemanha Ocidental e uma mulher não identificada descrita no relatório como "cerca de 25 anos, 165 cm de altura, figura magra." 

As equipes de TV filmaram Jackson no Checkpoint Charlie, e três minutos depois, ele e sua comitiva subiram as escadas até a plataforma de observação e olhou para o Oriente. Uma fotografia tirada do lado de Berlim Oriental e colocado no relatório de duas páginas no arquivo da Stasi, mostra Jackson em uma jaqueta apertada escura, as mãos cruzadas, e usando óculos escuros e um chapéu. Ao lado dele está mulher misteriosa em óculos escuros e um vestido sem mangas, e um cinegrafista de TV no lado direito da foto. 

Como se vê, o homem no Muro de Berlim não era o Rei do Pop, mas um sósia contratado pelo canal de televisão alemão SAT 1 para uma transmissão naquele dia. Como o recluso Jackson se recusou a sair em público em Berlim Ocidental, repórteres da Sat1 decidiram contratar seus próprios dublês e observar a reação do público berlinense. Eles contrataram limousines e guarda-costas, enganando o público, a mídia local, e, como sabemos agora, a notória polícia secreta Stasi. O golpe foi tão bem sucedido que só foi descoberto 20 anos depois, quando o arquivo de Jackson da Stasi, e as imagens foram reveladas. 

Jackson deu um concerto naquele dia em Berlim Ocidental como parte de um festival de três dias ao lado do Muro Ocidental. Ele estava em turnê para promover seu álbum Bad. E a julgar pelas notas meticulosas do agente da Stasi, foi considerado um dos momentos mais ameaçadores para a segurança do estado do leste alemão já extinto.

Durante semanas, os alemães orientais tentaram descobrir uma maneira de impedir o show de Jackson, para não tornar-se uma dinamite política para a juventude alemã do Leste. Estes foram os dias de Perestroika, quando o presidente soviético Mikhail Gorbachev estava se tornando uma fonte de esperança para reformadores no Oriente e no Ocidente. A Stasi foi orientada a não repetir os eventos do ano anterior, quando os alemães orientais se acumularam na parede para ouvir um concerto de Genesis, David Bowie e Eurythmics em Berlim Ocidental. Quando as bandas tocaram, as multidões de Berlim Oriental gritavam "Gorby, Gorby" e "Down with the Wall", até que foram silenciados pelas forças de segurança da Alemanha Oriental, vencendo-os com cassetetes e realizando dezenas de prisões.

Pouco tempo depois, o presidente dos EUA, Ronald Reagan fez seu discurso famoso no Portão de Brandemburgo, convidando Gorbachev a "derrubar esse muro".

Detalhes no relatório da Stasi sobre Jackson sugerem que o promotor ocidental, patrocinador do show e empresário de Jackson estavam mais do que dispostos a envolver os alemães orientais " Na ata de uma reunião preparatória de oficiais da Stasi, datada de 04 de maio de 1988, existem notas de discussões que ele estava tendo com o chefe da empresa alemã ocidental que estava organizando o show. Os nomes são escurecidas no relatório.." Segundo o relatório, o organizador "juntamente com a gestão de Jackson, estavam dispostos a construir o estádio em uma altura visível da Unter den Linden" - a avenida do lado leste do Portão de Brandemburgo - "e posicionar os alto-falantes apropriadamente. " O plano também envolveu transmitir o concerto de Jackson em um estádio em Berlim Oriental, com um atraso de dois minutos, então os alemães de Leste poderiam substituir a performance ao vivo com uma fita de vídeo de uma performance anterior.

Por que o promotor ocidental de Berlim estava disposto a cooperar com os alemães de Leste? Possivelmente porque o show foi patrocinado pela Coca-Cola, que teve participação em manter relações suaves Leste-Oeste. "A empresa Coca-Cola tem interesses econômicos em um relacionamento com a RDA", diz o relatório. Uma reunião entre a administração da empresa e do Secretário-Geral [Erich Honecker, chefe do Partido Socialista Unitário e líder GDR] está previsto". 

Uma multidão de cerca de 5.000 pessoas se reuniu no lado oriental do Muro, de acordo com um relatório de 20 junho de 1988. Um serviço de notícias da Alemanha Ocidental Presse Agentur Deutsche diz que centenas de forças de segurança da Alemanha Oriental oprimiu a multidão na madrugada após o show, e estima que cerca de 30 pessoas foram presas. 

Duas décadas depois, Checkpoint Charlie é um museu, o muro caiu, e Berlim Mitte, no centro da cidade, foi devolvido para lojistas, restaurantes e escritórios. Talvez o poder do pop tenha algo a ver com isso. 

Fonte: Time Entertainment

*Curiosidade: Algumas fontes dizem que para este show, a potência do volume do som foi aumentado para que os fãs de Jackson que estavam do outro lado do muro pudessem pelo menos ouvir o show.

FOTO: Foto do arquivo da Stasi mostrando um sósia de Michael Jackson no no Muro de Berlim, contratado por uma emissora de TV alemã, tão parecido que conseguiu enganar a polícia secreta da Alemanha Oriental.

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