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sábado, 28 de fevereiro de 2015

|Vestindo Michael Jackson para o Oscar






Em janeiro de 1991, Michael Jackson chamou os estilistas Michael Bush e Dennis Tompkins e disse que ia a cerimônia do #Oscars com Madonna.

"Ele me chamou e disse, "Bush, vou com Madonna para os prêmios da Academia. Descubra o que ela vai usar.''

"Michael, nenhuma mulher jamais vai contar o que vai vestir para o Oscar antes de caminhar pelo tapete vermelho. Não há nenhuma maneira de descobrir.''
"Eu sei que você pode fazer por mim."

Dennis e eu olhamos um para o outro e imediatamente começamos a chamar todo mundo que pudesse nos dar uma pista do que Madonna iria usar para o Oscar. Havia apenas uma possibilidade remota, mas Michael não acreditava no impossível.

Nós fomos capazes de descobrir que Bob Mackie era o estilista e Madonna poderia usar um vestido branco com pérolas. Não era muito, mas melhor do que nada.

Dennis desenhou duas jaquetas: Uma em estilo tradicional, sem botões, corte alfaiate no quadril e outra em estilo militar. Ambas com pérolas e contas - a uma semana antes do evento mais esperado do ano [sem pressões].

Levei os dois desenhos para o estúdio de gravação de Michael e os deixei na mesa de mixagem, ele olhou e disse calmamente, "Bush, eu posso ficar com as duas?''

Oh, meu Deus. Temos uma semana para fazer não uma jaqueta, mas duas! "Claro, Michael."

Isso era bastante típico. Na verdade, raramente apresentávamos com uma roupa somente para Michael para o dia do evento. Sempre levávamos um par de conjuntos que combinassem, porque era melhor para Michael decidir na última hora o que lhe caía melhor. Aquele que seria escolhido como o mais correto se decidia por impulso e instinto.

Na noite dos Oscars levei a ele dois trajes e os deixei na cama. Cheguei cedo para ajudar a ele a se vestir. Esse era meu trabalho. Dennis era o artista, o artesão e co-engenheiro do vestuário, enquanto eu estava no comando do guarda-roupa e dos figurinos da coreografia nas turnês, decidindo a forma e a funcionalidade das peças e dando o "último toque " às roupas.

Michael escolheu a jaqueta tradicional. "Esta parece melhor para mim hoje." Depois, ele acariciou sua jaqueta militar. "Esta será a minha jaqueta para o Grammy, Bush, deixe ela reservada.''

Então Michael usou a jaqueta para a noite dos Oscars e dois anos depois, quando ele foi premiado com um prêmio por sua irmã Janet no Grammy 1993, Michael o recebeu graciosamente levando a sua jaqueta de pérolas em estilo militar. Era a sua jaqueta favorita de sempre.

Das centenas de peças que criamos para Michael nos 25 anos em que trabalhamos para ele, o que fazia desta jaqueta em particular a sua favorita? O corte da jaqueta não era exclusivo.

Na verdade, tinha a sua clássica silhueta militar - corte até a cintura, ombros largos, umas dragonas decorativas que levam os seus olhos para a luz. A resposta mais curta é: opulência.

Michael estava obcecado com a herança e história militar britânicas. Uma das citações favoritas de Michael veio de uma fonte inesperada, "Aos homens se conquista com bugigangas." Napoleão tinha dito estas palavras para indicar o significado das medalhas com as quais presenteava os seus soldados.

Quando fomos em turnê na Europa, Michael conseguiu visitar castelos e cidades antigas, onde ele ficou fascinado com os retratos de reis e rainhas que estavam em museus.

Ele estava observando a eles cuidadosamente ao longo das paredes do Palácio de Buckingham, a Torre de Londres e as Casas do Parlamento, absorvendo a tudo - a ostentação, o glamour, as medalhas e honrarias, a maneira incrível com que reis e comandantes foram retratados. Michael estava fascinado por tudo isso.

Para as roupas de Michael, Dennis e eu estudamos a monarquia e a história militar europeia, com especial atenção para um dos reis mais proeminentes, o rei Henrique VIII da Inglaterra.

E lá estavam. As pérolas. Costuradas nas roupas dos reis. Deslumbrantes em seus pescoços, coletes e babadores. Durante este tempo na história, a realeza eram as únicas pessoas que podiam usar pérolas, porque os nobres eram os únicos que podiam pagar por elas.

As pérolas estavam realmente reservadas para a elite. E essa opulência não estava pendurada por um fio e usado como um colar. As pérolas da realeza estavam presas às roupas.

Há uma ironia aqui, é claro, porque Michael era conhecido como o Rei do Pop. Mas, como se viu, foi Elizabeth Taylor que, na verdade, disse esse nome pela primeira vez ao público. Ela o apresentou como "O Rei do Pop, Rock and Soul" no American Music Awards [American Music Awards] e a imprensa pulou em cima dele.

Depois de um curto período de tempo, Dennis e eu percebemos que se colocássemos uma coroa ou um brasão ou querubim no lugar certo, estaria quase pronto. Essa era a maneira de persuadir.

Com os olhos abertos de par em par e completamente animado por um leão alemão de duas cabeças ou quaisquer outro tipo de "novas'' medalhas que testávamos para chamar a sua atenção, Michael sussurrava, "Bush, como você sabia?''

"Uau! Eu tenho feito isso com você por um milhão de anos!" era o que eu queria dizer a ele. Mas normalmente só respondíamos com, ''"Nós sabemos o que você gosta."

Acredito que isso o confortava. Era mais fácil dar o que sabíamos que ele gostava, estar em seu elemento em relação ao aspecto visual do seu modo de vestir. Michael disse uma ou duas vezes, ''disse Bush, eu preciso tentar uma mudança para este curta-metragem ou esta sessão de fotos".

Então tentávamos algo diferente do seu perfil habitual, como se você pudesse alguma vez "reinventar" Michael Jackson - só para voltar para sua silhueta favorita.''

Por Michael Bush 
(estilista de Michael Jackson)

| Via MJHideout / Cartas para Michael

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