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domingo, 5 de janeiro de 2014

Michael concede entrevista à Gold Magazine em janeiro de 2OO2.





Michael Jackson é o Rei do Pop, é quem mais vendeu discos na História; um homem cuja forma de dançar e cujas canções chegaram a todas as partes do mundo, de Joanesburgo a Jacarta, de Londres a Los Angeles. Mas é também um enigma.

Um garoto que se tornou uma estrela com os Jackson Five, que vem de una família com imenso talento e, como filho mais novo, fez assim mesmo, com sua carreira solo, a mais bem sucedida de todos eles. É um dos poucos que foram mundialmente famosos tanto como crianças e também como adultos; e agora, está se reinventando de novo como estrela do cinema.

Apesar da sua fama, apesar do fato que esteja atuando, criando e improvisando desde que tinha idade suficiente para andar, Jackson é tímido ante a publicidade. Pode ter hordas de seguidores e fotógrafos ao seu redor quando quer dar um passo em público, mas é um homem extremamente reservado, que vive com sua família em seu rancho Neverland, na Califórnia.

Nessa rara entrevista, ele fala com Madeleine, a Gold Girl, sobre fama, o peso do estrelato na infância, sua visão da mídia e seu futuro no cinema.


Gold Girl: Você se vê mais como músico, artista ou intérprete?


MJ: Provavelmente tudo o que disse, porque eu gosto do mundo do entretenimento e sempre adorei entreter. Gosto de me converter em um escravo do ritmo, porque dançar é como interpretar os sons e compassos da orquestra. Você se converte no som, se converte no baixo, se converte no que escuta, e o faz é o corporal.

Mas tento não ficar tão atrelado a isso e esquecer de pensar no futuro. Foram muitos os artistas que ficaram em seus passados e acabaram sozinhos, triste e acabados. Sempre digo para mim mesmo que nunca quero que isso se passe comigo e tentar lutar para aprender a lidar com o mundo, me apoiar, investir meu dinheiro, economizar. Quem sabe o que o amanhã trará? Temos que estar financeiramente protegidos para poder ajudar a si mesmo. 

GG: Quer ser lembrado como um grande Entertainment?

MJ: Gosto dos filmes e adoro a arte – e um arquiteto é um Entertainment, o tipo que fabrica montanhas russas é um Entertainment. Sabe onde construir as quedas, e que quando sobe, seja visto com antecedência…faz você dizer: ‘Oh Meu Deus!’ quando chega em cima justo antes de cair. É o mesmo que planejar um show ou uma coreografia.


GG: Se converteu em um peso ao ser um dos astros mais reconhecidos do mundo?

MJ: Não há lugar no mundo onde posso ter alguma privacidade. O que mais dói é o fato que roubam a privacidade. É como viver em um aquário, mas é a verdade. Eu uso disfarces… mas as pessoas conhecem todos, é bem difícil.

GG: Que tipo de disfarces?

MJ: Batas, dentes postiços, óculos, perucas afro, próteses, maquiagem, de tudo. Tudo para me sentar entre as pessoas e experimentar um espetáculo da mesma forma que as pessoas experimentam. Quero me sentir como eles se sentem.

GG: E te descobrem?

MJ: As vezes, sim. De início não. Então começam a me olhar nos olhos. Ponho coisas, mas olham através dos óculos, as mulheres são muito hábeis. Você pode enganar um rapaz antes de uma moça. As mulheres podem me descobrir. Sabem a forma como meu corpo se movimenta, a forma de andar, a forma de gesticular. Eu as escuto dizer: ‘Olha como ele move a mão’ ou ‘Olha sua maneira de andar’ e penso: ‘Oh não’.

GG: Se pudesse ser invisível durante um dia em Londres, o que você gostaria de fazer?

MJ: Oh! Poderia me beliscar? Deixa-me ver… acredito que encontraria alguns dos fotógrafos dos tabloides e lhes daria um chute no traseiro ao estilo moonwalk. Realmente gostaria de tirá-los dessas pequenas motos em que andam para me seguir. Se realmente pudesse, eu bateria neles com as câmeras para arrancá-las de suas mãos. Eles são muito inconvenientes. A primeira coisa que faria seria ir até eles, sim. Eles te deixam louco. Não consegue escapar deles. É terrível.

GG: Quem lhe inspirou mais profissionalmente, a quem poderia nomear?

MJ: Provavelmente Walt Disney; porque quando era pequeno cresci em um mundo adulto. Cresci no palco. Cresci em boates. Quando tinha sete ou oito anos estava em boates. Via mulheres tirando toda a roupa. Via mulheres peladas. Via homens brigando. Vi adultos se comportando como porcos.

Por isso agora odeio boates. Por isso tento compensar agora o que não fiz antes. Por isso quando chego na minha casa, vê que tenho um parque de diversões, um cinema, animais…Sou encantado com os animais – elefantes, girafas, leões, tigres e ursos, todas as espécies de serpentes. Consigo fazer todas essas coisas maravilhosas que não pude fazer quando era pequeno, porque não tinha todas essas coisas. 

Não tivemos natal. Não tivemos festas de pijamas. Não tivemos escola, tínhamos um colégio privado quando estávamos em turnê. Não fui a um colégio público. Eu tentei durante duas semanas e não funcionou. Foi muito difícil. É difícil crescer sendo uma criança famosa. Muitos poucos chegam a fazer essa transição de criança famosa para um adulto famoso. É muito difícil. 

Por exemplo Shirley Temple. Eu a conheci em San Francisco e me sentei na sua mesa e chorei muito. Ela disse: ‘O que aconteceu Michael?’ Eu lhe disse: ‘Eu adoro você. Necessito passar mais tempo com você.’ Seguiu dizendo: ‘É um de nós, não é?’ e disse: ‘Sim, eu sou’. Alguém mais disse: ‘O que quer dizer?’ e ela respondeu: ‘Michael sabe do que estou falando.’ E sabia exatamente o que queria dizer – estar ali com uma estrela infantil e fazer com êxito a transição da fama como adultos é muito difícil. Quando é uma criança famosa, as pessoas querem que você nunca cresça. 

GG: Conte-me mais sobre seu interesse nos parques temáticos – que têm de tão interessante para você?

MJ: Minhas coisas favoritas dos parques temáticos – e tenho um bom olho para eles porque viajei ao redor do mundo muitas vezes – é que adoro ver como as pessoas reúnem suas famílias e como se divertem. Realmente faz com que se unam. Eu vou pela diversão, mas também para estudar. Ha muitos parques que tenho que ir quando estão fechados porque não posso ir nas horas normais. São como uma cidade fantasma.

GG: Você já escutou esse comentário de que você tem planos de fazer um parque temático em Las Vegas?

MJ: Já fiz muitos projetos em Las Vegas, e acredito que fiz foi ampliar a demografia de lá. Porque quando era um garoto – não tinha mais de oito anos – meus irmãos e eu queríamos ir a Las Vegas, e nessa época não permitiam as crianças de entrar nos cassinos. Assim só podíamos ficar nos quartos, aborrecidos, sem nada para fazer enquanto as pessoas faziam as suas apostas.

Só havia um lugar em Vegas para as crianças chamado Circus Circus. Era um hotel cujo tema eram os palhaços, assim tinham trapezistas e chimpanzés andando em monociclos. Quando fui ficando maior, atuamos muitas vezes em Vegas – atuamos ali muitas, muitas vezes - e eu dizia: ‘Não é legal que não haja nada para crianças aqui’… assim comecei a conceber a ideias para alguns donos de hotéis. E agora é como o reino das férias temáticas dedicadas a família. 

GG: Quais são suas personalidades favoritas?

MJ: Eu gosto das pessoas que ajudam por prazer e traz felicidade para o planeta e a humanidade, pessoas de luz – desde Walt Disney a Ghandi, de Edison a Martin Luther King. Eles são pessoas com luz, gente que realmente se preocupa com as crianças, por manter a unidade familiar e o amor.

Isso que trato de dizer na minha música e nas minhas canções. Se assistir a algum dos meus shows, meus espetáculos, verá 200.000 pessoas gritando, levantando cartazes, dizendo ‘Queremos curar o mundo’ e ’ Te Amamos’. Eu vi isso em todo o mundo, desde a Rússia até a Alemanha, da Polônia até a África, até a América. Todos somos iguais. As pessoas choram nas mesmas partes do show. Se enojam nas mesmas partes do show, fazem as mesmas coisas nas mesmas partes. 

GG: Você foi amigo do Fred Astaire?

MJ: Sim. Fred Astaire era meu vizinho. Eu o via todas as vezes quando andava com minha scooter. Sempre me dizia quando era pequeno: ‘Você vai ser uma grande estrela’. Me disse que pensava que eu era um grande artista e muito bom quando me movia. E sempre quando dizia: ‘É o melhor’ e eu respondia: ‘Não, você é o melhor’.

Recordo a primeira vez que fiz o moonwalk. Fred me telefonou. Estava histérico no telefone. Me disse que era a melhor apresentação que tinha visto em sua vida. Lhe disse ‘Oh, até parece’. Me disse ‘Michael, é um demônio movendo-se. É um demônio de bailarino’. Lhe disse: ‘Bem, vindo de você, não necessito mais de prêmios’. Porque fui indicado a um Emmy por aquela atuação, e não ganhei, mas não me importei porque Fred Astaire disse que ele tinha se encantado com a minha atuação, e esse é todo o prêmio que eu necessitava. 

GG: Se pudesse trabalhar com alguém, vivo ou morto, com quem seria?

MJ: Se pudesse trabalhar com qualquer, seria com Charlie Chaplin, a quem adoro. Também com Laurence Oliver que foi um gênio, realmente. Com aqueles dois caras, acredito. Também com o rei, Marlon Brando.

GG: No ano passado contracenou em um vídeo, You Rock My World, com Marlon Brando. Como é trabalhar com o mestre?

MJ: Brando é um grande amigo. É muito parecido comigo. Não gosta muito de sair. Vem a Neverland ou fica na minha casa em Mulholland Drive, ou viaja ao Tahiti. Seu filho trabalhou para mim durante mais de 20 anos, e seu outro filho era meu colega de classe no meu colégio. Simplesmente é um gigante.

Vê como é inteligente porque quando trabalha comigo sempre diz: ‘Sei que botão pressionar para encontrar a emoção em você’. Me conhece muito bem. Sabe como levantar minha moral, assim que diz certas coisas que realmente me animam. É um gênio. É um rei. É o último daquela geração. É um homem brilhante, uma pessoa encantadora. Eu desejo o bem a ele é um ótimo amigo. 

GG: Você teve uma participação em Men In Black II, foi por trabalho ou diversão?

MJ: O projeto de Men In Black foi realmente muito divertido porque atuei como eu mesmo como um garoto novo.

GG: É óbvio que desde o vídeo de Thriller tem um grande interesse nas artes visuais.

MJ: Em tudo que faço, gosto de me dirigir, ou trabalhar bem próximo do diretor – co-dirigimos e vamos apontando as ideias juntos. Se vê Ghosts, aparece co-escrito por Michael Jackson e Stephen King. O escrevemos pelo telefone, Stephen e eu – é impressionante. Escrevemos pelo telefone, falando um com outro.








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