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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Testemunho de Caryn Elefante

Desde os meus 5 anos, eu tenho cantado em estúdios de toda a cidade de Nova York para gravações de comerciais, demos e até para músicas de CDs. 

O meu irmão, a minha irmã e eu já gravamos para álbuns de vários artistas, como Gloria Estefan, Liza Minelli, Maureen McGovern e até fizemos solos para o CD de Natal do grupo Canadian Brass. Um dia, a minha mãe recebeu uma ligação do nosso agente que nos agendou uma gravação no estúdio Hit Factory. Não pudemos saber para quem iríamos cantar e só foi permitido ir um parente para cada criança. A nossa curiosidade disparou! Passamos os seguintes dias pensando, para quem poderia ser essa gravação misteriosa. Decidimos pegar três capas de CDs – Frank Sinatra (que ainda estava vivo na época), Madonna e Michael Jackson.

Fomos para o estúdio e um homem disse-nos que iríamos cantar apenas uma palavra… “Childhood”. Ele cantou essa parte para nós uma ou duas vezes e depois começamos a gravar. Nós ouvíamos a música pelos fones, mas a faixa estava sem os vocais principais. Ainda não fazíamos ideia do quê ou para quem aquela gravação seria. Após cantar a palavra algumas vezes, vi pelo vidro um homem sair da escuridão; ele usava um chapéu preto, camisa vermelha e tinha um cacho de cabelo caído na frente do seu rosto. Do lado de fora do estúdio de gravação, ele falou: “Vocês podem cantar um pouco mais assim… Childhood…”. Assim que ouvi aquela voz, agarrei a mão da minha irmã e falei sem mover os lábios: “É o MICHAEL JACKSON!”.

Cantei “Childhood” por mais 12 vezes e o produtor agradeceu-nos, dizendo que conseguimos a gravação. Voltamos à sala onde os nossos pais nos esperávam e eu tirei a capa do CD de Bad que a minha mãe segurava e o levei à assistente do Michael. Perguntei-lhe se poderia chamá-lo para autografar a capa do álbum para mim. As outras crianças que haviam cantado connosco começaram a rasgar pequenos pedaços de papel para pegar um autógrafo dele também. Eles não eram, nem de longe, tão preparados quanto a minha família!

A assistente respondeu: “Vou ver o que posso fazer”, e ela desapareceu por cerca de cinco minutos. Quando voltou, ela disse: “Todos vocês podem me seguir?”. Nós a seguimos, até uma porta com uma estrela pendurada e onde estava escrito “Jackson”. Entramos na sala e lá estava ele, que nos cumprimentou com um aperto de mão e um sorriso quando passamos pela porta e disse que era um prazer nos conhecer. Vocês podem imaginar uma coida destas?! Um prazer nos conhecer?! 
A sua sala estava cheia de coisas bem estranhas: bonecos dos Power Rangers em tamanho real, um conjunto de trem e um globo gigante que girava. Ele tinha fotos de crianças, que havia ajudado anexadas a imagens de seus países de origem.

Michael fez-nos muitas perguntas, como por exemplo, se algum de nós tinha ido acampar no verão. Ele contou que sempre pedira aos seus pais para acampar no verão, já que isso parece muito divertido, mas eles sempre respondiam que não. Essa época era em que a mídia especulava, se ele havia ou não casado com Lisa Marie Presley. Notei um anel no seu dedo e perguntei: “Então, esse anel significa que você é casado com a Lisa Marie?”. Ele acenou afirmativamente com a cabeça e disse: “Shhhhhh”. Nós conversamos por um bom tempo, ele autografou a capa do nosso CD e fomos para casa pensando que tínhamos acabado de passar o melhor dia das nossas vidas.

Uma ou duas semanas depois disso, a minha mãe recebeu outra ligação do nosso agente. Desta vez, ela falou que o Michael nos queria de novo no estúdio para gravarmos uma canção de Natal. Estávamos em Julho, mas quando chegamos ao estúdio, vimos que ele tinha sido totalmente decorado. Havia neve pelo chão inteiro, uma árvore, um Pai Natal que deu presentes a todos (cada um de nós ganhou Game Boy… dá para notar há quanto tempo isso aconteceu!) e várias renas. Michael veio para o estúdio e, dessa vez, não se escondeu atrás do vidro. Acho que ele se sentiu mais confortável connosco nessa ocasião. Ele próprio nos ensinou a canção e ficou connosco na cabine de som. Depois de gravada a canção, Michael convidou os nossos pais para entrar no estúdio e fizemos uma festa. Sentamos em volta do piano enquanto ele tocava e todos nós cantamos canções de Natal. Foi como se estivéssemos às vésperas do Natal no Elefante * (dos meus sogros)! (Elefante Music & School é uma empresa de música e artes cénicas de Nova Jersey. N.T.)

E então, no dia 25 de Junho, quando o mundo inteiro se encontrava chocado com a morte de Michael, essas lembranças foram as que retornaram à minha mente naquele momento.

- Testemunho de Caryn Elefante

Nota: Não se sabe qual foi a canção natalina gravada. Um dos engenheiros de Som de Michael, Rob Hoffman, um dia disse: “Nós gravamos uma canção de Natal durante o verão de 94 que precisava de um coral infantil. O Michael insistiu que, para aquela gravação, todo o estúdio deveria ser decorado com luzes de Natal, árvores, neve falsa e um trenó. E ele levou presentes para toda a gente.”


"Eu amo contos de fadas. Gosto muito de fantasia, ficção científica, eu gosto de magia. Eu gosto de criar magia. Adoro a magia." 

Michael Jackson



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